Leila Pereira: A Força que Inspira e Transforma o Futebol
Imagine a cena: estamos em junho de 2025, e o novo Mundial de Clubes da FIFA está a todo vapor nos Estados Unidos. Trinta e dois dos maiores times do planeta estão lá. Agora, olhe para a tribuna de honra. Em meio a um mar de presidentes, uma figura se destaca. Das 32 potências do futebol mundial, apenas uma é liderada por uma mulher. O nome dela? Leila Pereira, a presidente do Palmeiras.
Essa imagem te diz algo? Para Leila, ela desperta duas emoções. "Por um lado, uma alegria imensa. Por outro, o desejo de ver mais mulheres ocupando esses espaços", ela confidencia. Mas não se engane, essa posição não caiu em seu colo. Foi uma conquista.
"Se me baterem, eu bato de volta. E muito mais forte."
Essa frase define Leila. Em um universo predominantemente masculino, que muitas vezes subestima a força feminina, ela não apenas joga o jogo, como dita as regras. "As pessoas pensam que somos o sexo frágil. Não somos. A minha resposta vem com trabalho e com as vitórias do Palmeiras", afirma, direto de sua sala na sede do clube em São Paulo.
Desde que assumiu a presidência em dezembro de 2021, sua gestão tem sido uma aula de firmeza e visão de negócio. Lembra do caso Dudu, um dos maiores ídolos do clube? Após uma longa negociação e uma reviravolta do jogador, Leila não hesitou em ir a público e cobrar uma postura profissional. Muitos se perguntaram: ele teria agido da mesma forma com um presidente homem? "Sem dúvida que não", reflete Leila. "Ele se sentiu à vontade para ser rude porque sou mulher". O episódio, que azedou a relação, mostra que para ela, o respeito à instituição Palmeiras está acima de qualquer nome.
Da Advocacia ao Topo do Futebol
Você talvez não saiba, mas a paixão de Leila pelo futebol não é de berço. Nascida no Rio de Janeiro e criada em uma família de vascaínos, seu interesse pelo esporte floresceu ao conhecer seu marido, Roberto Lamacchia, palmeirense fervoroso. Formada em jornalismo e direito, ela já carregava a "veia feminista" e o desejo de independência muito antes de pensar em futebol.
A virada de chave aconteceu em 2015. Vendo o clube do coração do marido em crise financeira, ela teve a visão: patrocinar o Palmeiras. O que começou como um gesto para animar o companheiro, transformou-se em uma das parcerias mais vitoriosas da história do futebol brasileiro. Com o patrocínio da Crefisa e da FAM, o Palmeiras saiu de coadjuvante para protagonista absoluto, conquistando 14 grandes títulos em uma década.
Claro, a jornada teve seus questionamentos, principalmente sobre o potencial conflito de interesses ao ser patrocinadora e, depois, presidente. Leila sempre rebateu as críticas com transparência e, mais importante, com resultados. Hoje, a Crefisa já não estampa mais a camisa alviverde, mas o legado de sua gestão financeira continua mais forte do que nunca.
A Revolução Verde: Uma Fábrica de Talentos e Dinheiro
Vamos falar de números? Em 2023, o Palmeiras registrou uma receita recorde de R$ 1,2 bilhão. Grande parte disso veio da venda de talentos formados em casa. Se há uma década a base do Palmeiras era comum, hoje é a maior referência do Brasil.
Pense nos nomes:
- Gabriel Jesus abriu o caminho para o Manchester City.
- Endrick foi para o Real Madrid em uma transação astronômica.
- Luis Guilherme acaba de se juntar ao West Ham.
- Estêvão, a joia da vez, tem destino certo: o Chelsea, em um acordo que pode chegar a R$ 339 milhões (£53m).
Essa fonte de receita permite ao Palmeiras fazer o que poucos conseguem no Brasil: ter as contas em dia e, ao mesmo tempo, força para contratar. "No Palmeiras, salários e compromissos são pagos rigorosamente em dia. Isso, para mim, é inegociável", destaca Leila. "Venho do mundo dos negócios. O futebol não vai manchar o meu nome". É essa credibilidade que faz gigantes europeus confiarem no clube para negociar suas futuras estrelas.
O Mundial de Clubes e o Futuro
Agora, todos os olhos se voltam para o Mundial. Liderados em campo pelo genial e longevo Abel Ferreira – outra peça-chave nesta era de ouro –, o Palmeiras encara gigantes como Porto, Al Ahly e o Inter Miami de Messi.
Para os torcedores do Chelsea, será a chance de ver de perto o último espetáculo de Estêvão com a camisa verde. "Ele é um jogador fenomenal", diz Leila com orgulho. "Esse menino um dia será o melhor do mundo".
Independentemente do resultado em campo, o Palmeiras chega aos EUA como um clube transformado. Um modelo de gestão, uma potência financeira e uma academia de talentos de elite. E no comando de tudo, uma mulher que não pediu licença para entrar, mas quebrou a porta.
Leila Pereira é a prova viva de que o futebol precisa de mais mulheres. Não como uma concessão, mas como uma necessidade estratégica. Como ela mesma diz: "Espero que minha luta inspire outras". E pode ter certeza, Leila, ela já está inspirando.
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